sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A música do Avô - XXIII



White is the light that shines through the dress that you wore
She lay in the shadow of the wave
Hazy were the visions of her playing
Sunlight on her eyes but moonshine beat her blind everytime
Green is the colour of her kind

'Green is the Colour', 1969

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Fusão

O cinema está cheio de cenas que ficaram para a história do moviemaking. Cenas que definem um filme e que lhe dão o nome que ele é. Que galgam para fora da tela ganhando vida própria, como se sempre tivessem feito parte do mundo e estivessem só à espera de ser tocadas pelas mãos de um realizador de génio.
*
Tinha uns 12 anos quando o meu pai me levou ao Ávila para ver a reposição de "Once Upon a Time in the West".
Com argumento de Bertolucci e realizado por Sergio Leone, o filme conta o regresso de "Harmonica Man" (Charles Bronson) à cidade onde vive o homem que matou o seu irmão mais velho, Frank (Henry Fonda), espécie de Capo que todos temem. O "Harmonica Man" veio vingar-se.


Alheia a (quase) tudo isto, surge a lindíssima Claudia Cardinale, verdadeiro anjo desta história, que na sua infeliz amargura de jovem mulher-viúva nos explica porque a banda sonora do filme é tão triste. E que só podia pertencer a Ennio Morricone.

O requinte do duelo final (que aguardamos todo o filme) entre o feio e enigmático Charles Bronson e o elegantíssimo "blue eyed" Fonda está nas razões daquele regresso. Que não se fazem de palavras.
Só neste encontro é que ficamos a saber quem era o "Harmonica Man" e porque aparecia agora.
Frank tinha sacrificado o miúdo que era "Harmonica".

Numa mais que dramática e cruel tortura, tinha instalado sobre os seus fracos ombros de rapaz o peso do próprio irmão. Este, com o pescoço no fim da corda, espera apenas que os joelhos do jovem Harmonica não aguentem mais aquela dor infinita e desabem levando-lhe a vida. Tudo debaixo do sol escaldante do deserto do Arizona.
Harmonica nunca abre a boca. Depois do tiro fatal, Frank pergunta-lhe quem é.
Harmonica responde colocando a harmónica, que traz sempre ao peito, nos dentes do moribundo, como antes Frank lhe fizera. Com o simples desfalecer dos olhos, Frank diz-nos que percebe.

Quando a tudo isto alguém combina a música dos Arcade Fire, o estranho e improvável resultado de um tema novo é este:

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A música do Avô - XXII


Senão é como amar uma mulher só linda
E daí ? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão
(...)
A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida
Há sempre uma mulher à sua espera
Com os olhos cheios de carinho
E as mãos cheias de perdão

- Samba da Benção -

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Palestina: Uma Nação Ocupada*


"I met a lady (...) She was Jewish, from New York, the large part of her family had been liquidated in the Holocaust (...) She'd come to see the beautiful, vibrant, besieged Israel, and she wasn't leaving disappointed either...
- Israel is wonderful... The israelis are wonderful... It's sad though, it's sad to see those young people having to carry guns because there's always a threat... and after all their people have been through...
- Well there's another side to the story of Israel. The Palestinians.
- All I'm saying is I want peace.

Yes, yes, we all want peace, whatever that is, but peace can mean different things, too, and isn't described identically by all who wish to imagine it..."

* no dia em que pediu à ONU o reconhecimento do Estado, e os EUA decidiram vetar. É nestas coisas que eu veto os EUA.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"Collapse into Now"

Isto é o que acontece quando nos distraímos com a economia ou outros assuntos formidavelmente interessantes.


Foi um prazer, Srs. R.E.M. !

Agora voltei atrás

(...) uma Lua já por cima de nós. Enorme, redonda e perfeita. A pedir para cantarem para ela. Para irem para o espaço com ela. Inspiradíssimos, os Portishead mostram-nos porque tratam a música com pinças. Com o carinho reservado aos amantes. Porque entramos numa liturgia. Sagrada. Não é para estoirar de repente, nem ouvir-se a correr. Temos que a deixar penetrar. Começa quase sussurro. E quando nos entregamos ao som que produzem, é já tarde. Reféns para sempre da noite. Do lado negro da Lua.

No palco, Beth Gibbons, a feiticeira, desfia-se. Canta tudo o que tem de tocar. Em choro. Em prece. Despe-se, fímbria por fímbria. Despe-nos da alma. Arrancada com doçura. E isto é The Rip.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Requiem

Last time I saw you, you were on stage
Your hair was wild, your eyes were bright
And you were in a rage
You were swinging your guitar around
Cuz they wanted to hear that sound
But you didn't want to play
And I don't blame you
(...)
They said you were the best
But then they were only kids
Then you would recall the deadly houses you grew up in
Just because they knew your name
Doesn't mean they know from where you came
What a sad trick you thought that you had to play
But I don't blame you

("You are Free", 2003)

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O original é sempre melhor que a cópia

É o que digo SEMPRE que me falam do "Pequenas Mentiras entre Amigos".



'The Big Chill', aka 'Os Amigos de Alex'

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

"Dead or Alive"


  Jornal 'i', 19.09.2011

Quando é que acabam as charutadas ?


Showgirl: to strip or not to strip

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

DocRock

Sempre que em música me falam de compilações torço o nariz.
E quando estamos a falar dos Pearl Jam, um "best of", um livro e um filme, cheira a traição. Cheira a merchandising. Cheira a business.
Acontece que, na realidade, todos temos direito à nossa história.
No próximo dia 20 (terça-feira) estreia mundial de um Documentário com imagens inéditas que celebram os 20 anos da banda.
Em sessão única, o que tem nível. Em Lisboa só no Alvaláxia e no Vasco da Gama, locais que me recuso frequentar.
Hélas.
Ou muito me engano, ou teremos digressão para o ano a passar em Portugal.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

self-inflicted pain


Exmos. Senhores,


O que é que leva um gajo, que já vai ter que dormir pouco - porque se deitou (invariavelmente) tarde e tem de estar na estação de comboios (pornograficamente) cedo - a dormir ainda menos ?

.... e depois disto assim, trabalhar ainda ?, e bem ?

Estupor !



Com os melhores cumprimentos,


....


P.S.1 sem poder culpar ninguém do facto. 
P.S. 2 o que vale é que há café e logo o Manchester vem à Luz.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

domingo, 11 de setembro de 2011

9/11

Reprinting


We are (still) all american.

sábado, 10 de setembro de 2011

Copos e cigarros

A casa dos bons amigos. Do João Tiago e da Cláudia.
Recolhemo-nos nela. Quando é preciso voltar ao que somos. Regressar. Gosto sempre de regressar. Provoca o amor.
Gin Tónico, cigarradas. Jantarada. Cigarros e mais uns uísques. Escuta-se a vida. Falamos de amigos. Do futuro, do que nos preocupa. De filmes. Das desgraças deste verão. Comparamos cidades. As melhores da Europa.
Oiço, com pena e orgulho, que o nosso grande amigo vai emigrar: Moçambique, terra de oportunidades. Eu digo que não saio de Lisboa. Troika, troika, troika.
O Sérgio Godinho reclama "paz, pão, habitação, saúde..." na aparelhagem da sala. E isso é engraçado.
A porta bate porque há uns que saem mais cedo. No dia seguinte ainda se trabalha.
É então que entra Dylan e Leonard Cohen (ao vivo in the Isle of Wight).
Os Amigos.

Na vida não há só poesia. Discutimos. Não há só romance. A vida é dura.
Também há justiça, também há revolta. Também há violência, querer bater, vingar. Mostrar o orgulho. Não aceitar o que nos fizeram. Não é bonito, nem feio. É o que é.
E por isso discutimos Maradona no Barcelona, antes do Nápoles e do Mundial.
Já 10, mas nem por isso menos verdadeiro.
E se um basco - Goikoetxea - lhe parte uma perna que o obriga a parar muito tempo e a doer tanto para recuperar, depois também há orgulho. E mesmo meses depois, há voltar. Há voltar, e não esquecer.



sexta-feira, 9 de setembro de 2011

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Silly Season... still

Em Moçambique estalou uma polémica por causa deste anúncio.


Do Forum Mulher que o acusa de sexista e racista, exigindo que seja retirado e ameaçando acções judiciais.
Já eu, que não percebo nada desses assuntos, fiquei com vontade de a provar.
Além disso tem um nome óptimo para uma cerveja.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Serviço Público

Hoje, neste exacto momento, na RTP 2.
Buenos Aires é uma orquestra.




E lembraram-se então da noite em que entraram no Teatro Colón, da rua Cerrito encaixada na 9 de Julho.
O cartaz anunciava o espectáculo: Gerardo Gandini, do sexteto Piazzolla (piano), temporada 2003, às 20h30. Eram 20h30. E era Setembro.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

20 anos Nirvana


Há certos adjectivos que do uso estão quase mortos, mas esta capa é (porque é) mítica. E o disco um espécie de despertar para muito boa gente que anda para aí e já está nos trintas.
Malta que se lembra onde estava quando o disco foi para as prateleiras das lojas de música. Antes da FNAC secar a Valentim, a Roma, a Strauss, a discoteca do Apolo 70, ou outras mais pequenas. Tantas.
Malta que estava no 9º ano.
24 de Setembro de 1991. 9º ano. E as aulas mal tinham começado.
O primeiro single lançado tinha um nome que explodia e que incitava logo ao motim: "Smells like Teen Spirit".
What the... ?
A primeira vez que o ouvi estava em casa do meu velho amigo Diogo aka o Torgal. Era o único dos amigos que tinha uma aparelhagem stereo no quarto. Sony. Toda preta. Com aparelho para CD's e comando à distância. Duplo deck para cassetes - PLAYER e REC - e sem gira-discos. Era um regalo para os olhos.
Os outros (como eu) tinham de ir para a sala ouvir música no aparelho do pai quando mais ninguém estivesse em casa, o que quase nunca dava.
Portanto, o Diogo começou cedo a sua colecção de CD's que (obviamente) não podia emprestar. E tinha sempre as últimas novidades.
9º ano. 13 anos. Anos de liberdade descomprometida. Chamou-nos lá a casa e disse: venham ouvir isto. Ficámos pasmados. Atordoados. Pedi-lhe logo que me gravasse o Nevermind e fui para casa escutá-lo bem. Todo de enfiada. Tinha comprado uma cassete de 90 minutos, o que dava para ter o disco todo no lado A. Acho que a pus a tocar num velhinho Walkman. Para não assustar a Mãe que dava explicações na sala do lado.
E pronto. A conquista estava feita. A bandeira plantada. Chamavam-lhe Grunge, que vinha da revolta.
Como já escrevi noutro lado, de repente já era lícito mandar os professores à merda. BAAAHHHHHHH ! Ou, pelo menos, de não nos importarmos muito com eles.
E depois o clip. A MTV já existia, mas poucos tinham parabólica e TV Cabo não havia. Deve ter sido no TOP+ que assisti ao culminar da Revolução. Um grupo de miúdos num campo de basket, aos encontrões, um gajo de cabelo loiro e desgrenhado, com uma camisola às riscas e olhar atormentado, a arranhar uma Fender, também aos encontrões, e um velho Contínuo, a tombar de um lado para o outro agarrado à vassoura.
Depois seguiam-se outros temas que rapidamente se tornaram clássicos: In Bloom, Come as You Are, Lithium, Polly, Drain You, Territorial Pissings, On a Plain ou o esvaziante Something in the Way.
E só depois disto tudo é que apareceram os Pearl Jam.
20 anos, catano. Mítico.